domingo, 21 de octubre de 2018

26. Francisco Machado, um escultor português em Badajoz (Espanha). Seu último trabalho: um retábulo para a Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Morenos.

26. (Português).

Francisco Machado, um escultor português em Badajoz (Espanha). Seu último trabalho: um retábulo para a Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Morenos.

No próximo ano 2019 serão 360 anos de seu nascimento e 305 de sua morte. Seria hora de dedicar um merecido homenagem, tanto em Portugal como na Espanha.

© Pedro Castellanos
21 de octubre de 2018
Introdução.
Foi um dos mais importantes entalhadores do barroco português. Neste artigo, vou publicar dados biográficos inéditos, como o lugar e data exata de nascimento, o nome de seus pais, local e data de seu casamento, seu testamento, o nome de seu discípulo, data e local de sua morte e sepultamento. Importante ressaltar que foi um entalhador com grande deslocamento geográfico, porque ele trabalhou em várias cidades portuguesas como Évora, Montemor-o-Novo, Vila Viçosa, ou talvez em Campo Maior, até terminar seus últimos anos em Espanha, particularmente em Badajoz. Esta cidade foi um importante centro artístico no século XVIII e capital, naquela época, da província espanhola de Extremadura. Badajoz é a sede do arcebispado, e além da catedral, cujas obras tendem a durar séculos, tinha muitos conventos e ermidas extremoduros. Devido as sucessivas guerras tanto na capital como em cidades vizinhas foram obrigados a renovar seus templos frequentemente.


Biografia.
Francisco Machado nasceu na freguesia de Santo Antão do Tojal (também chamada Santo Antonio do Tojal), pertencente ao concelho de Loures, na área metropolitana de Lisboa, localizado ao norte da cidade. Ele não nasceu em Lisboa capital como menciona o escultor em alguns documentos, talvez para dár-se mais importância. Ele foi batizado em 19 de janeiro de 1659 na Igreja Paroquial de Santo Antão do Tojal. Era filho de Bartolomeu Machado e Maria Duarte, moradores da Rua do Emxairo de Santo Antão do Tojal:
Aos dezanueve de janeiro de [mil] seisentos e sincoenta e nove, baptizei a Francisco, filho de Bertholameu Machado e de sua mulher, Maria Duarte, moradores na Rua do Emxairo. Forão padrinhos Francisco Desa e sua filha Maria.
Seus cunhados eram vizinhos de Bucelas, uma freguesia no concelho de Loures. Os pais de Francisco Machado se havían casado na Igreja do Santo Antão do Tojal no dia 4 de março de 1647:
Aos quatro de março de [mil] seissentos e quarenta e sete, recebi a porta da igreja por marido e molher, conforme o Sagrado Concílio Tridentino, á Bertholameu Machado, filho de António Correa e de Isabel Machada, sua molher, ja defuntos, moradores que forão no lugar dos Valles (1), termo de Villa Real, Bispado do Porto, com Maria Duarte, filha de Francisco Fernandez, ja defunto, e de Inês Fernandez, sua molher, moradores que forão em Bucellas. Forão testemunhas o padre Domingos da Silva, Henrrique da Silva, João Soares, sapateiro, Lourenço Machado, Manoel Lopes, thezoureiro, e outras muitas pessoas que se acharão presentes.
Francisco Machado se casou aos trinta anos de idade no dia 12 de dezembro de 1681 na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação da localidade portuguesa de Campo Maior, fronteira com Badajoz, com Beatriz dos Anjos. Ela era filha de António Gonçalves y Maria Vaz:
Aos doce dias do mes de dezembro de mil e seisentos e oitenta e un annos, por mandado do illustrissimo senhor don Alexandre da Silva, Bispo de Elvas, ouvindo o mutuo consenso dos contrayentes na forma do Sagrado Concílio Tridentino, ritual romano, a dispozição de nossas constituições, assistei em matrimonio [a] Francisco Machado, filho de Bertholameu Machado e de Maria Duarte, natural do lugar de S. António do Tojal, freguesia de Santa Anna, Arcebispado de Lisboa, com Beatris dos Anjos, filha de António Gonçalves, o Fado, e de Maria Vaas, natural desta villa de Campo Maior. Forão os padrinhos Diego (?) de Frausto e Graviel Pinto e Violante Borges. E para lembrança fiz este termo que asinei ut supra.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação, Campo Maior.

Francisco Machado concedeu testamento em Badajoz dia 9 de março de 1714. Ele pedía para ser vestido com hábito de São Francisco e sepultado na Igreja de Santa María del Castillo, antiga Catedral de Badajoz. Era irmão das confrarias de Badajoz de São Lourenço, São José e Santa Cruz. Declarava estar casado com a mencionada Beatriz dos Anjos, “que hoje mora no Reino de Portugal, na vila de Campo Maior, com quem não tenho vida maridável faz trinta anos”. Nos da a entender que no tinha relação conjugal com sua mulher há quase quatro anos depois de se casarem e menciona que não tiveram filhos. Ele enviou a sua afilhada Agustina Alfonsa, a esposa de Juan Gutiérrez, seis pesos de escudos de prata, “pelo grande amor que tenho por ele e porque ele me confia a Deus”. Também pedía “que se entregue a Juan Lorenço, meu aprendiz, que tenho na minha casa há tres anos ensinando meu ofício de escultor, todas as ferramentas e bancos que pertencem a referido ofício de escultor que eu tenho, pelo muito amor que eu tenho e porque me confia a Deus. Quais [ferramentas] não serão entregues até que seja oficial, porque não as desperdiça e não jogue por aí. O que será recolhido pelos meus executores e estará em sua posse até que você tenha idade suficiente para poder entregá-las e ser oficial. E eles não serão entregues a seu pai ou a qualquer outra pessoa”. Ao seu aprendiz, Juan Lorenzo, ele deve ter amado como o filho que não teve. Não tenho mais notícias deste discípulo nem de seus sobrenomes. Deixava como herdeira a viúva María Domínguez, “sua comadre”, porque ele não tinha “herdeiro forçado”, isto é, ele não tinha filhos. María Domínguez deve ter sido sua companheira naquela época. Francisco Machado falece em Badajoz no dia 15 de março de 1714, seis dias depois de fazer o testamento, aos 55 anos de idade. Foram seus executores Santiago, o alfarero, e sua comadre, quem foi sua herdeira. Foi enterrado como pedía na Igreja de Santa María del Castillo, da que hoje resta a torre e alguns restos:
Francisco Machado. [Rua] Concepção Alta. Na cidade de Badajoz, dia quinze do mês de março de mil setecentos e catorze anos, morreu Francisco Machado, casado com Beatris dos Anjos, na vila de Campo Maior. Ele recebeu os sacramentos sagrados. Deixou setenta e cinco missas por sua alma. Foram executores Santiago, o alfarero, e sua comadre. E, como herdeira, a referida sua comadre. Ele se enterrou na Paróquia de Santa María no Castelo. Eu fiz no seu enterro o que é da minha obrigação.
Ele não deveria ter uma casa própria, porque ele não comentou sobre isso. No entanto, é mencionado que ele morreu na então Rua de la Concepción Alta, hoje San Lorenzo. Deve-se notar que seu amigo Pablo Rodríguez Morgado viveu e morreu na mesma rua, eu acho que é por isso que eles eram amigos e trabalhavam em várias ocasiões. Pablo viveu a partir do final do século XVII em uma casa que ainda existe, que fazia fronteira com a primitiva Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, hoje numero 38. Embora na referência cadastral remonta-se a 1900, talvez indicativa. Esta casa pertenceu então ao Hospital da Conceição. Pablo possuiu a casa por meio de um recenseamento que fez dela o mordomo do hospital, o presbítero Bartolomé Guerrero Malos Sabores em 1692: “com as pensões perpétuas de oito ducados pela imagem de Nossa Senhora da Conceição da paróquia, cuja casa, no cerco que esta cidade sofreu no ano de 1705 lançaram bombas e a puseram em ruínas”. Para morar na casa, ele gastou 585 reais do seu propio cuadal para reconstruí-la. Outro fato curioso é que o pai de Pablo era português, o que facilitaria a compreensão mútua nos dois idiomas. Poucos anos antes de sua morte, Pablo estava morando nessa paróquia, mas ele havia se mudado para curar sua doença para a de Santo André, agora desapareceu. Depois de sua morte, ele foi sepultado na igreja do Convento da Mãe de Deus de Valverde (paróquia atual de Santo André) no capela da Confraria de Jesus da Humildade (Oração no Jardim do Getsêmani), agora na Igreja da Conceição da Rua de San Juan. O escultor de Badajoz Cristóbal Jiménez Morgado deve ter sido relação familiarizado com ele e apareceu com seu irmão Lorenzo Jiménez Morgado como testemunha a carta de dote de Pablo para sua futura esposa.

Retábulo de Nossa Senhora do Anjo da Catedral de Nossa Senhora da Assunção de Évora, Portugal. Francisco Machado, 1699-1700. 


A escultura da Virgem é também chamada de Nossa Senhora da O e Expectativa.
A presença de Francisco Machado em Badajoz está documentada desde 1699. Em 28 de janeiro deste ano concedeu o poder ao procurador Sebastián Pavón Caballero junto ao carpinteiro entalhador de Badajoz Tomás Suárez de Villegas. Também conhecido como Tomás Suárez de Salazar, foi discípulo do carpinteiro, entalhador e mestre de obras de Badajoz Antonio Morgado, parente distante de Pablo Rodríguez Morgado. Sebastián Pavón tería que defendê-los de uma ação judicial colocada por Pedro Matos, um residente da localidade de La Roca, hoje chamado La Roca de la Sierra, anteriormente chamada Manzanete, para que lhe devolvessem cerca de 3.000 reais que tinham recebido. Foi pela encomenda de um retábulo que Francisco e Tomás teríam que fazer na igreja paroquial desta localidade e que eles não teríam cumprido. Provavelmente porque Francisco Machado ainda não tinha terminado o retábulo de Nossa Senhora do Anjo da Catedral de Évora, contratado em 24 de dezembro de 1699, trinta e seis dias antes. A atividade de Machado como entalhador em Portugal começou em 1684, quando foi contratado para um retábulo pela Irmandade de São Francisco Xavier do Colégio dos Jesuítas do Espírito Santo de Évora; termina em 1703, com o retábulo de Nossa Senhora da Boa Morte deste mesmo colégio (2). Desconhece-se quem foi o professor que lhe ensinou o ofício de um escultor. Este Francisco Machado não pôde fazer em 1720 o retábulo-mor da Igreja Matriz de Azurara, freguesia do município de Vila do Conde (distrito do Porto), porque já havia morrido. Nem deve este Francisco Machado ser o autor do retábulo-mor da Catedral de Viseu, que data entre 1729 e 1733. De qualquer forma, deve ter sido outro artista do mesmo nome.
Restos da Igreja de Santo Domingo ou do Rosário de Badajoz.

Imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Morenos, século XVII.
Me chama a atenção o fato de Francisco ter feito o retábulo para a Confraría dos Morenos de Badajoz, quando havia renomados escultores e entalhadores locais e que naquela época já faziam retábulos e outras obras importantes. Refiro-me a Cristóbal Jiménez Morgado, seu amigo Miguel Sánchez Taramas, e cunhado do último e seu discípulo, Francisco Ruiz Amador. Também ao famoso entalhador e mestre arquiteto vizinho de Zafra (Badajoz) Alonso Rodríguez Lucas, ou seu companheiro Juan Martínez de Vargas, ambos de idade avançada. Alonso trabalhou na Catedral de Badajoz entre 1697 e 1698 nos retábulos de Nossa Senhora de Antigua e São Brás. Juan Martínez de Vargas morreu em Zafra em 8 de outubro de 1704 (antes de assinar o contrato do retábulo de Badajoz) e Alonso Rodríguez Lucas em 28 de outubro de 1710, também em Zafra. Talvez Francisco Machado, como um bom artista, tenha influências dos retábulos espanhóis das numerosas igrejas e conventos de Badajoz e da área de Zafra. Suponho que, além de ser bom entalhador, Machado fez um bom negócio e traria um diferente barroco a Badajoz que tinha naquela época. Sabe-se que, apesar das guerras, a fronteira entre Espanha e Portugal não foi obstáculo para os artistas de ambos os países. Embora ele é citado no contrato e em seu testamento como um mestre escultor, ele era realmente entalhador, como aparece nos contratos em Portugal. O entalhador é um artista que executa as peças do retábulos e o escultor as esculturas isentas destes, embora muitos escultores também foram entalhadores. Esta diferença é vista nas figuras que contemplam o retábulo de Évora, onde há uma certa estranheza na execução das figuras policromadas dos anjos e Deus Pai do sótão. Também é possível que Francisco Machado trabalhou na vizinhança Olivença, como alguns retábulos da Igreja da Magdalena recordam seu estilo, semelhante ao de São Alberto da Igreja de Carmo de Évora.
A data exata da fundação deste confraría de Badajoz é desconhecida, embora deve ter sido entre 1526 e 1548. Era conhecida também como os “morenos”, por estar formada por escravos negros e mulatos. Tinha sua sede na chamada, no ínicio, Igreja de Santo Domingo (do Silos), mais tarde chamada do Rosário, dentro da fortaleza árabe. Não deve ser confundida com a confraría homônima da Igreja de Santo Domingo (de Guzmán) e da que ainda de conserva sua imagem primitiva na capela ao lado do evangelio. Nos dois nichos laterais que aparecem dentro do templo estavam as imagens desaparecidas de São Domingos de Silos e Santa Catarina de Siena. Na parte de trás de seu igreja, documentei de maneira inédita a existência do Hospital dos Cavaleiros ou da Consolação (3). Este retábulo, de pequenas dimensões, foi para a “Nossa Senhora do Rosário do Castelo”, que o escultor Português faria junto ao carpinteiro de Extremadura Pablo [Rodríguez] Morgado entre 1705 e 1706. Foi seu último trabalho documentado, pelo menos na Espanha:
Obrigação de fábrica de um retábulo para Nossa Senhora do Rosário.
Na cidade de Badajoz, aos dez dias de agosto de 1705 anos, diante de mim, o notário, compareceu de uma parte Francisco Rodríguez de Guzmán, um residente desta cidade, mordomo branco da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, localizada na capela no Castelo, e Juan Rodríguez Frausto, mordomo moreno da mesma confraria. E, por outro lado, Francisco Machado, mestre escultor, e Pablos [sic] Morgado, mestre carpinteiro, todos moradores desta cidade. Eles disseram que, desejaram muito que esta ermida esteja com a maior veneração possível para o aumento do culto divino e da imagem de Nossa Senhora do Rosário, cuja invocação está dedicada, procurando que seja feito um retábulo onde está colocada referida imagem. E apra poder efetuá-lo, referidos mordomos pediram permissão para ilustríssimo bispo desta cidade e bispado, quem concedeu-lhes (...) que fabricassem um retábulo de madeira para referida capela, onde está a imagem de Nossa Senhora do Rosário, que pegue toda a parede em frente de cima a baixo e a fachada de um lado para outro, e que esteja acompanhada, feito e fabricado ao salomónico, tal como utilizado e manufacturados outros nestes tempos, providenciando tudo para a planta que foi feita, cuja qual está assinada na parte inferior do mesmo. E referido retábulo deve ser feito de acordo com a arte e arquitetura, que deve ser feito e acabado em seis meses, que devem começar a partir de hoje, dia da data, e cumprirá o dia onze de fevereiro 1706. Pela qual e por seu trabalho, madeira e o que seja necessário, se lhe devem dar e pagar por referida confraría aos mordomos 2.050 reais em moedas de vellón, cujo preço está definido em três parcelas de 683 reais cada uma. E, por último, um real mais que ajuste esse valor desta maneira, 683 reais em espécie, para dar início à referida fábrica, cujo montante confessam ter recebido. 683 reais sendo feita metade do referido retábulo. E os restantes 684 reais, no dia que esteja terminado e colocado dentro da Ermida, com a condição que não deve fazer parte dos concedentes para ajustá-lo e colocá-lo na referida capela, senão em referida confraría, que terá que pagar aos pedreiros e materiais. E se lhes exigem que, em tal formulário referido retábulo toda a satisfação. E se assim não o fizerem, poderão ser executados e pressionados por isso e encontrar a outro profissional que à custa dos concendentes o façan e aperfeiçoen...

Assinaturas de Francisco Machado e Pablo Rodríguez Morgado no contrato do retábulo de Badajoz.
Obviamente, o artista era Francisco Machado, quem faría o esboço e a escultura fina, com exceção do ouro, que seria fornecido por mestres douradores da cidade. Pablo exercía apenas como um montador e assistente, como faria naquele momento o já morreu em 1710 Tomás Suárez, ou seja, montar as peças do retábulo e ancorá-los na parede. Neste caso, é especificado que não seriam eles os que montassen na parede, mas sim os pedreiros pagos pela confraría. Boa amizade deviam ter Francisco Machado e Pablo Morgado, pois, também aparecem em Badajoz como testemunhas do poder para testar de Isabel de Alva Maraver, viúva do tenente de cavalos Juan de Guzmán, concedido em 1711. Neste caso, aparecem como mestres carpinteiros. Este retábulo da ermida do Rosário infelizmente já não se conserva, porque a ermida foi quase destruída na Guerra da Independência Espanhola em 1811, embora possa ter desaparecido em algum dos confiscos (1798-1856). Hoje existe um retábulo feito de tijolo, usado com argamassa de cal, com um nicho, ladeado por duas colunas lisas e está coberto com um frontão. Ainda podem ser vistas pinturas imitando mármores em tons de vermelho e cinza bem a cúpula em forma de concha. Esse retábulo cobre uma janela gótica, bastante danificada, que ainda se pode ver na parte traseira. É surpreendente que no contrato do retábulo se mencionen a dois mordomos que teve a confraria: Francisco Rodríguez de Guzmán, mordomo “branco” e Juan Rodríguez Frausto, mordomo “moreno”. Cada um deles seria responsável por cuidar dos irmãos de ambos grupos étnicos. Neste caso, pode ser devido à diminuição do número de escravos negros e mulatos em Badajoz no século XVIII, mais numerosos nos séculos anteriores. Devido a isso, e para não desaparecer, a confraria deixaria de ter irmãos exclusivamente “morenos”, e que alguns deles já seriam escravos livres. Também deve-se notar que o carpinteiro Pablo Rodríguez Morgado foi mordomo da Confraria de Vera Cruz naqueles época, hoje felizmente refundada depois de desaparecer várias vezes, e que tinha sua sede na igreja do Convento de Nossa Senhora da Encarnação o Mãe de Deus de Valverde, hoje Paróquia do Apóstolo São André (onde ele foi enterrado). Ele também foi mordomo da Confraria de São José, patrono dos carpinteiros, em 1723.
Composição de como a imagem da Virgem do Rosário seria no retábulo atual.


Torre da Igreja do Santa María del Castillo onde foi enterrado o escultor, do século XV.

Local onde ficava a casa do carpinteiro Pablo Rodríguez Morgado. Foto: Juanjo Benítez.

Notas:
(1) Pode referir-se a Vale de Nogueiras, freguesia del concelho de Vila Real. 
(2) VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel. Retablística Alto-Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII. Universidade Nacional de Educação à Distância, Mérida. 1996. Páginas 151 e 152.(3) https://fragmentosdebadajoz.blogspot.com/2018_06_01_archive.html

Bibliografía:
VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel. “Retablística Alto-Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII”. Universidade Nacional de Educação à Distância, Mérida. 1996.
MANGUCCI, Celso. “Francisco Machado e a oficina de retábulos do Arcebispo de Évora”. Cenáculo. Boletim on-line do Museu de Évora. Dezembro de 2007.
LAMEIRA, Francisco. Professor Doutor da Universidade do Algarve. Atas do Ciclo de Conferências “Convento de Nossa Senhora dos Remédios e a Ordem do Carmo em Portugal e no Brasil”. Associado à Exposição “Convento de Nossa Senhora dos Remédios”. Évora, 22-24 de maio de 2013. 

Colaboradora na tradução de textos em português: Priscila de Sousa Kantowits (traductora e intérprete). Colaborador na transcrição de antigos documentos sacramentais: Miguel Rodrigues Lourenço, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa, Universidade Católica Portuguesa. Obrigado por sua colaboração.
ANEXO

Testamento de Francisco Machado. Em nome de Deus, Nosso Senhor, todo-poderoso, amém. É notório para esta escritura de testamento, minha última vontade, vieren como eu, Francisco Machado, residente desta cidade de Badajoz, doente na cama e no meu juízo e natural entendimento, que Deus, Nosso Senhor, serviu para me dar, acreditando como firmemente e verdadeiramente acredito e confesso no mistério da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas e um Deus verdadeiro e tudo o mais que ele acredita e confessa a Nossa Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, cuja fé e crença vivi e eu testemunho viver e morrer como um católico e cristão fiel, tendo, como eu levo, meu advogada e defensora a Rainha Serenissima dos Anjos, Maria, Nossa Senhora, que interceda junto do seu precioso Filho, meu Senhor Jesus Cristo, perdoa os meus pecados e colocar minha alma no caminho de salvação, o medo me morte, que é natural e verdadeira a toda criatura humana e para a maior honra e glória de Deus, Nosso Senhor; Eu faço e ordeno este testamento e a última vontade da seguinte maneira:
Antes de tudo, encomendo minha alma a Deus, Nosso Senhor, que a criou e redimiu com seu precioso sangue, morte e paixão, e o corpo à terra, do qual foi formado. E se a Sua Divina Majestade seria servido tirar a vida presente, eu envio o meu corpo ser enterrado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Santa María del Castillo desta cidade, em uma sepultura que é procurada por meus executores. E vai vestido com hábito de nosso pai São Francisco, que deve me dar a Irmandade de São Lourenço, de quem eu sou irmão. E o padre e a cruz da minha paróquia assistirão ao meu funeral. E no seu dia, se for agora, se não no próximo, me será contada uma missa com meu corpo presente para o dito sacerdote. E seis sírios acenderão a santa cruz e oito capelães a acompanham do coro da Santa Igreja Catedral desta cidade, que deve me dar a Irmandade da Santa Cruz, de quem, da mesma forma, eu sou irmão. E, portanto, as esmolas que são habituais são dadas. Eu comparecer ao enterro disse a comunidade de religiosos de São Francisco, descalços, fora desta cidade [Convento de São Gabriel], que devo dar a referida Irmandade de São Lourenço. E eu também sou o irmão da Irmandade de São José, peço e solicitar os administradores das referidas três irmandades de São Lourenço, Santa Cruz e Senhor São José, faça de mim o que acostumados com os outros irmãos mortos. Eu envio para a cera do Santíssimo Sacramento um real de esmola e para as ermidas costumeiras desta cidade, a Santa Casa de Jerusalém e a redenção de cativos a esmola que é costume. Ordeno cem missas rezadas para serem ditas por minha alma, mais outras cinquenta, metade por penitências mal cumpridas e metade por objeções conscienciosas. E outras vinte e cinco missas para as benditas almas do Purgatório, todas rezadas. E para eles as esmolas personalizadas são dadas. E removido de toda a terceira parte que toca a colecturia, os outros são ditos pelos sacerdotes que meus executores ver, o mais rapidamente possível. Deixo a Agustina Alfonsa, minha afilhada, esposa de Juan Gutiérrez, seis pesos escudos de prata, pelo grande amor que eu tenho e porque me confia a Deus. Ordeno a Juan Lorenzo, meu aprendiz, que tenho na minha casa há tres anos ensinando meu ofício de escultor, todas as ferramentas e bancos que pertencem a referido ofício de escultor que eu tenho, pelo muito amor que eu tenho e porque me confia a Deus. Quais [ferramentas] não serão entregues até que seja oficial, porque não as desperdiça e não jogue por aí. O que será recolhido pelos meus executores e estará em sua posse até que você tenha idade suficiente para poder entregá-las e ser oficial. E eles não serão entregues a seu pai ou a qualquer outra pessoa. Declaro sou casado, a fim de nossa Santa Madre Igreja, com Beatriz dos Anjos, que hoje mora no Reino de Portugal, na vila de Campo Maior, com quem não tenho vida maridável faz trinta anos. E desse casamento não temos filhos. E assim eu o declaro para que em todos os momentos isso seja registrado. Não me lembro de nenhum dever. E algumas pessoas me devem algumas pequenas quantias que meus executores sabem; ordeno são cobrados. E se com a verdade parece que eu devo alguma coisa, eu ordeno que seja paga. E para atender e pagar este a minho testamento, e que contém, sair e chamado pelos meus executores testamentários a Francisco Santiago e María Domínguez, minha comadre, viúva, moradores desta cidade, cada um em si, in solidum, a os quales dou poder cumprido para que depois de minha morte leve minha propriedade e vendê-los em leilão. E eles cumprem e pagam a minho testamento e o que nela está contido. E cumprido e pago, do remanescente e que permanecerá de todos os meus bens, direitos e ações que me tocam e pertencem de qualquer forma, deixo e nomeio pelo meu herdeira universal a María Domínguez, minha comadre, para que todos possam ser e herdar com as bênçãos de Deus e as minhas, atento não tenho herdeiro. E para isto meu testamento, que eu faço agora e concedo, revogo e anulo e dou para nenhum valor ou efeito qualquer outro testamento, você envia ou codicilos que antes disto eu tenho datado, por escrito e em uma palavra, que nenhum eu quero valer, exceto este que eu faço atualmente e concedo, que eu só quero ser válido para o meu testamento e última vontade, assim e da forma que melhor por direito, lugar em testemunho do qual, eu concedi e assinei perante o presente notário público e testemunha que do meu conhecimento dá fé. E estando nas casas da minha morada, na cidade de Badajoz, a nove dias de março de mil e setecentos e catorze anos, testemunhas Francisco Javier de Morales Morgado, José Rafael e Francisco Ribero, vizinhos desta cidade.

25. Francisco Machado, un escultor portugués en Badajoz. Su última obra documentada en España: un retablo para la Cofradía de Ntra. Sra. del Rosario de los Morenos del Castillo.

25.

Francisco Machado, un escultor portugués en Badajoz. Su última obra documentada en España: un retablo para la Cofradía de Ntra. Sra. del Rosario de los Morenos del Castillo.

En el próximo año 2019 se cumplirán 360 años de su nacimiento y 305 de su fallecimiento. Sería el momento para dedicarle un merecido homenaje, tanto en Portugal como en España.
© Pedro Castellanos
21 de octubre de 2018
Introducción.
Era uno de los entalladores más importantes del barroco portugués. En este artículo voy a publicar de forma inédita los datos biográficos que faltaban de él, como el lugar y fecha exacta de su nacimiento, el nombre de sus padres, lugar y fecha de su matrimonio, su testamento, el nombre de su discípulo, la fecha, lugar de su fallecimiento y entierro. Hay que destacar que fue un escultor con gran movilidad geográfica, pues trabajó en varias localidades portuguesas como Évora, Montemor-o-Novo, Villa Viciosa y quizás en Campomayor u Olivenza, hasta acabar en sus últimos años en España, en concreto en Badajoz. Esta ciudad fue un importante centro artístico en el siglo XVIII y capital de la entonces provincia de Extremadura. Badajoz es sede del arzobispado y aparte de la catedral, cuyas obras suelen durar siglos, tenía numerosos conventos y ermitas extramuros. Las continuas guerras hacían que tanto la capital como los pueblos cercanos tuviesen que renovar sus templos cada cierto tiempo.
Biografía.
Francisco Machado nació en la freguesía de Santo Antão do Tojal (también llamada Santo Antonio do Tojal), una pedanía perteneciente al concejo de Loures, en el área metropolitana de Lisboa, situada al norte de la ciudad. No nació en la propia Lisboa como cita el escultor en algunos documentos, quizá para darse más importancia. Fue bautizado el 19 de enero de 1659 en la iglesia parroquial de Santo Antão de esta localidad. Era hijo de Bartolomé Machado y María Duarte, vecinos de la calle de Emxairo de Santo Antão do Tojal. Estos se habían casado en la parroquia de esta localidad el 4 de marzo de 1647. Francisco Machado se casó a los treinta años de edad el 12 de diciembre de 1681 en la iglesia matriz de Nuestra Señora de la Expectación de la localidad portuguesa de Campomayor, frontera con Badajoz, con Beatris dos Anjos (Beatriz de los Ángeles). Ella era hija de Antonio Gonzálves y María Vaz. Francisco Machado otorgó testamento en Badajoz el 9 de marzo de 1714. En él pedía ser amortajado en hábito de san Francisco (que debía de darle la Cofradía de San Lorenzo) y enterrado en la iglesia de Santa María del Castillo, antigua Catedral de Badajoz. Era hermano de las cofradías pacenses de san Lorenzo, san José y Santa Cruz (Vera Cruz). Declaraba estar casado con la mencionada Beatriz de los Ángeles, «que hoy vive en el reino de Portugal, en la villa de Campomayor, con quien no tengo hecho vida maridable desde hace treinta años». Da a entender que no tenía relación marital con su mujer desde casi cuatro años después de casarse y cita que no tuvieron hijos. Mandaba entregar a su ahijada Agustina Alfonsa, mujer de Juan Gutiérrez, seis pesos de escudos de plata, «por el mucho amor que le tengo y porque me encomiende a Dios». También pedía «se le dé a Juan Lorenzo, mi aprendiz, que tengo en mi casa ha[ce] tres años enseñándole mi oficio de escultor, todas las herramientas y bancos que pertenecen al dicho oficio de escultor que yo tengo, por el mucho amor que le tengo y porque me encomiende a Dios. Las cuales no se le entregarán hasta que sea oficial, porque no las desperdicie y eche por ahí. Las cuales se recogerán por mis albaceas y tendrán en su poder hasta que tenga edad suficiente para podérselas entregar y sea oficial. Y no se le entregarán a su padre ni a otra persona alguna». A su aprendiz, Juan Lorenzo, lo debió de querer como al hijo que no tuvo. No tengo más noticias de este discípulo. Dejaba como heredera a la viuda María Domínguez, «su comadre», pues no tenía «heredero forzoso», es decir, no tuvo hijos. María Domínguez debió ser su pareja sentimental de entonces.


Iglesia Matriz de Nuestra Señora de la Expectación de Campomayor, donde se casó el escultor Francisco Machado y Beatriz de los Ángeles. 
Francisco Machado fallece en Badajoz el 15 de marzo de 1714, seis días después de testar, a los 55 años de edad. Fueron sus albaceas Santiago, el ollero, y su comadre, quien fue su heredera. Fue enterrado como pedía en la parroquia de Santa María del Castillo, de la que hoy solo queda su torre y algunos restos. No debía tener una casa propia, porque no lo comenta. Sin embargo, se cita que murió en la entonces calle de la Concepción Alta, hoy San Lorenzo. Su vivienda debió estar en el tramo que va desde la calle El Brocense y llega a unirse con la calle Concepción Arenal, antes llamada calle Concepción Baja. Habría que destacar que su amigo Pablo Rodríguez Morgado vivió y murió en la misma calle, supongo que por eso tenían amistad y trabajaron en varias ocasiones. Sé que Pablo vivió desde finales del siglo XVII en una casa que todavía existe, que lindaba con la primitiva parroquia de Ntra. Sra. de la Concepción, hoy número 38. Aunque en la referencia catastral figura que data de 1900, quizá orientativa. Esta casa pertenecía entonces al hospital de la Concepción. Pablo la poseyó por dación de censo que le hizo el mayordomo del hospital, el presbítero Bartolomé Guerrero Malos Sabores en 1692: «con la pensión de ocho ducados perpetuos a Ntra. Sra. de la Concepción de dicha parroquia, la cual casa, en el sitio [=asedio] que padeció esta plaza en el año de 1705 le cayeron bombas y la pusieron arruinada». Para poderlas habitar gastó de su bolsillo 585 reales en reedificarla. Otro dato curioso es que el padre de Pablo era portugués. Esto facilitaría que se entendieran en ambos idiomas; al menos estaría acostumbrado a oír una mezcla de español y portugués desde su infancia, como en las localidades de la frontera. Pocos años antes de morir Pablo estuvo viviendo en esta parroquia, pero se había trasladado a curarse de su enfermedad a la de San Andrés, ya desaparecida. Tras su muerte, fue enterrado en la iglesia del convento de Madre de Dios de Valverde (actual parroquia de San Andrés), en la bóveda de la Cofradía de Jesús de la Humildad (Oración en el Huerto), hoy con sede en la actual iglesia de la Concepción de la calle San Juan. El escultor pacense Cristóbal Jiménez Morgado debía tener parentesco familiar con él y figuraba junto a su hermano Lorenzo Jiménez Morgado como testigo de la carta de dote de Pablo a su futura esposa.
Retablo de Nuestra Señora del Ángel de la Catedral de Ntra. Sra. de la Asunción de Évora, Portugal. Francisco Machado, 1699-1700. 

La talla de la Virgen es llamada también Nuestra Señora de la O y de la Expectación.
La presencia de Francisco Machado en Badajoz está documentada desde 1699. El 28 de enero de este año otorgaba un poder al procurador Sebastián Pavón Caballero junto al carpintero y entallador badajocense Tomás Suárez de Villegas. Conocido también como Tomás Suárez de Salazar, fue discípulo del carpintero, entallador, ensamblador y maestro mayor de obras de Badajoz Antonio Morgado, también pariente lejano de Pablo Rodríguez Morgado. Sebastián Pavón les tendría que defender de un pleito que les puso Pedro Matos, vecino de la localidad pacense de La Roca, hoy La Roca de la Sierra, antes llamada Manzanete, para que se le devolvieran unos 3.000 reales que habían recibido. Fue por un encargo de un retablo que tendrían que hacer Francisco y Tomás en la iglesia parroquial de esta localidad y que no habrían cumplido. Probablemente fue debido a que Francisco Machado todavía no habría terminado el retablo de Ntra. Sra. del Ángel de la Catedral de Évora, contratado el 24 de diciembre de 1699, treinta y seis días antes. La actividad de Machado como entallador en Portugal comenzó en 1684, cuando contrató un retablo para la Hermandad de San Francisco Javier del colegio jesuita del Espíritu Santo de Évora; termina en 1703, con el retablo de Nuestra Señora de la Buena Muerte de este mismo colegio (1). Se desconoce quién fue el maestro que le enseñó el oficio de escultor. Este Francisco Machado no pudo hacer en 1720 el retablo mayor de la iglesia matriz de Azurara, freguesía del concelho de Vila do Conde (distrito de Oporto), pues ya había fallecido. Tampoco debe ser este Francisco Machado el autor del retablo mayor de la Catedral de Viseu, que se fecha entre 1729 y 1733. En todo caso debió ser otro artista del mismo nombre.
Restos de la ermita de Santo Domingo o del Rosario de Badajoz.
Imagen de Ntra. Sra. del Rosario del Castillo, siglo XVII.
Me llama la atención el hecho de que Francisco llegase a realizar el retablo para la Cofradía de los Morenos de Badajoz, cuando había escultores y entalladores locales muy reconocidos y que por aquellas fechas ya habían realizado retablos y otras obras de envergadura. Me refiero a Cristóbal Jiménez Morgado, a su amigo Miguel Sánchez Taramas y al cuñado del último, Francisco Ruiz Amador. También al famoso entallador y maestro arquitecto vecino de Zafra (Badajoz) Alonso Rodríguez Lucas, o a su compañero Juan Martínez de Vargas, aunque ambos de avanzada edad. Alonso trabajó en la Catedral de Badajoz entre 1697 y 1698 en los retablos de Nuestra Señora de la Antigua y el de san Blas. Juan Martínez de Vargas falleció en Zafra el 8 de octubre de 1704 (antes de firmarse el contrato del retablo de Badajoz) y Alonso Rodríguez Lucas el 28 de octubre de 1710, también en Zafra. Quizás Francisco Machado, como buen artista, tomó influencias de retablos españoles de las numerosas iglesias y conventos de Badajoz y la zona de Zafra. Supongo que, aparte de ser buen retablista, Machado realizó una buena oferta y traería a Badajoz un estilo barroco diferente al que había por esas fechas. Se sabe que, a pesar de las guerras, la frontera entre España y Portugal no era obstáculo para los artistas de ambos países. Aunque en el contrato y en su testamento se le cita como maestro escultor, en realidad era entallador, como aparece en los contratos en Portugal. El entallador es un artista que realiza las piezas de los retablos y el escultor las tallas exentas de estos, aunque muchos escultores también eran entalladores. Esta diferencia se aprecia en las figuras que completan el retablo de Évora, donde se aprecia cierta torpeza en la ejecución de las figuras policromadas de ángeles y el Dios Padre del ático. También es posible que Francisco Machado trabajase en la cercana Olivenza, pues algunos retablos de la iglesia de la Magdalena recuerdan a su estilo, similar al de san Alberto de la iglesia del Carmen de Évora.

Firmas de Francisco Machado y Pablo Rodríguez Morgado en el contrato del retablo de Badajoz.
Se desconoce la fecha exacta de la fundación de esta cofradía badajocense, aunque debió ser entre 1526 y 1548. Era conocida también como la de los «morenos», por estar formada por esclavos negros y mulatos. Tenía su sede en la llamada en un principio ermita de Santo Domingo (de Silos), más tarde llamada del Rosario, dentro de la alcazaba árabe. No hay que confundirla con la cofradía homónima de la iglesia de Santo Domingo (de Guzmán) y de la que todavía se conserva su imagen primitiva en su capilla del lado del evangelio. En las dos hornacinas laterales que aparecen en el interior de la ermita estaban las desaparecidas imágenes de santo Domingo de Silos y santa Catalina de Siena. En las traseras de la ermita del Rosario del Castillo he documentado de forma inédita la existencia del hospital de los Caballeros o de la Consolación (2). Este retablo, de pequeñas dimensiones, era para la «Virgen del Rosario del Castillo», que el entallador portugués haría junto al carpintero extremeño Pablos [Rodríguez] Morgado entre 1705 y 1706:
Obligación para la fábrica de un retablo para Ntra. Sra. del Rosario. 
En la ciudad de Badajoz, a dies días del mes de agosto de mill setezientos y zinco años, ante mí el escribano público y testigos, [com]parecieron de la una parte Franco Rodríguez de Guzmán, vecino de esta ciudad, mayordomo blanco de la Cofradía de Ntra. [Sra.] del Rosario, sita en su ermita en el Castillo, y Juan Rodríguez Frausto, mayordomo moreno de dicha cofradía. Y de la otra, Franco Machado, maestro de escultor, y Pablos [sic] Morgado, maestro de carpintero, vecinos todos de esta ciudad. Y dijeron que por quanto han deseado que la dicha ermita esté con la mayor veneración que se pueda para el aumento del culto divino y de la imagen de Ntra. Sra. del Rosario, a cuya advocación está dedicada, procuran de que en ella se haga un retablo donde está colocada dicha imagen. Y para ponerlo en execución con toda prontitud, lo tienen tratado y ajustado con los dichos Franco Machado y Pablos Morgado. Y para poderlo efectuar, los dichos mayordomos pidieron lisencia al ilustrísimo señor obispo de esta ciudad y obispado, quien se la conzedió como parece de la petición y auto que le entregan para insertar en esta escriptura, que su tenor es como sigue:
Aquí
 Y los dichos Franco Machado y Pablos Morgado, otorgan que juntos y de mancomún, a vos de uno y cada uno, de por sí y por el todo, in solidum, renunciando como renuncian las leyes y sentencias de la mancomunidad (…) que fabricarán un retablo de madera para la dicha capilla mayor, donde está la dicha imagen de Ntra. Sra. del Rosario, que coja toda la pared de enfrente de alto a bajo y la fachada de un lado a otro, que quede acompañada, hecho y fabricado a lo salomónico, según se usa y se han fabricado otros en estos tiempos, arreglándose en todo a la planta que tienen fecha, la cual está firmada al pie de ella de tres de los dichos otorgantes. Y por el otro un testigo, que ha de estar siempre presente para dicho efecto. Y dicho retablo se ha de hacer conforme a arte y arquitectura, el cual han de dar hecho y acabado en toda forma y a toda costa dentro de seis meses, que ha de comenzar a correr desde hoy, día de la fecha, y cumplirá el día once del mes de febrero de 1706. Por el cual y por su trabajo, maderas y lo demás necesario, se le ha[n] de dar y pagar por dicha cofradía y mayordomos dos mil y cinquenta reales de vellón, en cuyo precio lo tienen ajustado, en tres plazos de seiszientos y ochenta y tres reales cada uno. Y en el último, un real más que ajusta dicha cantidad en esta manera, seiszientos y ochenta y tres reales luego de contado, para dar principio a dicha fábrica, cuya cantidad confiesan haber recibido realmente y con efecto de manos de los dichos mayordomos. Y porque la tienen en su poder y no parezca de presente, renunzian a las leyes (…). Y los otros seiszientos y ochenta y tres reales en estando hecha la mitad del dicho retablo. Y los seiszientos y ochenta y quatro reales restantes, el día que esté acabado y puesto dentro de la ermita, con la calidad que no ha de ser parte de los otorgantes el ajustarlo y ponerlo en la dicha capilla, sino de dicha cofradía, que ha de pagar a los maestros de albañil, peones y materiales. Y se obligan a que en dicha forma harán el referido retablo a toda satisfacción. Y si así no lo hicieren, se les pueda ejecutar y apremiar por ello y buscar a otro maestro que a costa de los otorgantes lo hagan y perfeccionen (…). En testimonio de ello, lo otorgaron. Y yo, el escribano, doy fee, conozco. Firmaron los que supieron, y por el que no, a su ruego, un testigo, siéndolo Alonso Cansado Moreno, Juan de Morales Ariexo, Manuel Simón, vecinos de esta ciudad.

Evidentemente el artista era Francisco Machado, quien haría el boceto y la talla fina, a excepción del dorado, que correría a cargo de los maestros doradores de la ciudad. Pablo ejercería solo como ensamblador y ayudante, como haría en su momento el ya difunto en 1710 Tomás Suárez, es decir, montar las piezas del retablo y anclarlas a la pared. En este caso se especifica que no serían ellos los que lo montasen en la pared, sino albañiles pagados por la cofradía. Buena amistad debían tener Francisco Machado y Pablo Morgado, pues también aparecen en Badajoz como testigos del poder para testar de Isabel de Alva Maraver, viuda del alférez de caballos Juan de Guzmán, otorgado en 1711. En este caso aparecen como «maestros carpinteros». Este retablo de la ermita del Rosario lamentablemente ya no se conserva, pues la ermita se arruinó en la Guerra de la Independencia, aunque pudo haber desaparecido en alguna de las desamortizaciones (1798-1856). Hoy existe un retablo de fábrica de ladrillo, lucido con mortero de cal, con una hornacina flanqueada por dos columnas lisas y está rematado con un frontispicio. Todavía pueden apreciarse pinturas que imitan a mármoles en tonos rojizos y grises al igual que la bóveda en forma de concha. Ese retablo tapa una ventana de estilo gótico, muy dañada, que todavía puede verse en la parte trasera. Es llamativo que en el contrato del retablo se menciona a dos mayordomos que tuvo la cofradía: Francisco Rodríguez de Guzmán, mayordomo «blanco» y a Juan Rodríguez Frausto, mayordomo «moreno». Cada uno de ellos se encargaría de atender a los hermanos de ambas etnias. En este caso puede deberse a la disminución del número de esclavos negros y mulatos en Badajoz en el siglo XVIII, más numerosos en las centurias anteriores. Debido a ello, y para no desaparecer, la cofradía dejaría de tener hermanos exclusivamente «morenos», que algunos de ellos ya serían esclavos libres. Hay que destacar también que el carpintero Pablo Rodríguez Morgado era mayordomo de la Cofradía de la Vera Cruz por aquellos años, hoy felizmente refundada tras desaparecer en varias ocasiones, y que entonces tenía su sede en la iglesia del convento de Ntra. Sra. de la Encarnación o Madre de Dios de Valverde, hoy parroquia del apóstol San Andrés. También fue mayordomo de la Cofradía de San José, patrón de los carpinteros, en 1723.
Composición de cómo quedaría la imagen de la Virgen del Rosario en el retablo actual.


Torre de la iglesia de Santa María del Castillo donde fue enterrado el entallador Francisco Machado, siglo XV.
Lugar donde estuvo la casa donde vivió el carpintero Pablo Rodríguez Morgado. Foto: Juanjo Benítez.
ANEXO
Testamento de Franco Machado. En el nombre de Dios, nuestro Señor, todopoderoso, amén. Sea notorio por esta pública escritura de testamento, última y postrimera voluntad, vieren como yo, Franco Machado, vecino de esta ciudad de Badajoz, estando enfermo en cama y en mi juicio y entendimiento natural, el que Dios, nuestro Señor, fue servido darme, creyendo como firme y verdaderamente creo y confieso en el misterio de la Santísima Trinidad, Padre, Hijo y Espíritu Santo, tres personas distintas y un solo Dios verdadero y en todo lo que más que cree y confiesa nuestra santa madre Iglesia católica apostólica y romana, en cuya fe y creencia he vivido y protesto vivir y morir como católico y fiel cristiano, tomando, como tomo, por mi abogada e intercesora a la serenísima Reina de los Ángeles, María Santísima, Señora nuestra, para que interseda con su presioso Hijo, mi Señor Jesucristo, perdone mis pecados y ponga mi alma en carrera de salvación, temiéndome de la muerte, que es cosa natural y cierta a toda criatura humana y a mayor honra y gloria de Dios, nuestro Señor; hago y ordeno este testamento y última voluntad en la forma y manera siguiente:
Primeramente encomiendo mi alma a Dios, nuestro Señor, que la crio y redimió con su presiosa sangre, muerte y pasión, y el cuerpo a la tierra, de que fue formado. Y si Su Divina Majestad fuere servido llevarme de esta presente vida [a la eterna], mando [que] mi cuerpo sea sepultado en la iglesia parrochial de Ntra. Sra. Santa María del Castillo de esta ciudad, en una sepultura que allí se busque por mis albaseas. Y vaya amortajado en un hábito de nuestro padre san Francisco, que me debe dar la Cofradía de San Lorenso, de quien soy hermano. Y asista a mi entierro el cura y cruz de mi parrochia. Y el día de él, si fuere ahora, sino el siguiente, se me diga misa cantada de cuerpo presente por el dicho cura. Y alumbren la santa cruz seis sirios y la acompañen ocho capellanes del choro de la Santa Iglesia Cathedral de esta ciudad, quien me debe dar la Cofradía de la Santa Cruz, de quien, asimismo, soy hermano. Y por ello se dé la limosna que se acostumbra.
Mando asista a dicho mi entierro la comunidad de religiosos de san Francisco descalsos, extramuros de esta ciudad, que me debe de dar la dicha Cofradía de San Lorenso. Y [ade]más soy hermano de la Cofradía de San Joseph, suplico y encargo a los mayordomos de dichas tres cofradías de san Lorenso, la Santa Cruz y señor san Joseph, hagan conmigo lo que acostumbran con los demás hermanos difuntos. Mando a la sera del Santísimo Sacramento un real de limosna y a las ermitas acostumbradas de esta ciudad, Casa Santa de Jerusalén y redención de cautivos la limosna que es costumbre.
Mando se digan por mi alma cien misas resadas, más otras cincuenta, la mitad por penitencias mal cumplidas y la otra mitad por cargos de consiencia. Y otras veinte y cinco misas más por las benditas ánimas del Purgatorio, todas resadas. Y por ellas se dé la limosna que es costumbre. Y sacado de todas la tersera parte que toca a la colecturía, las demás se digan por los saserdotes que a mis albaseas le[s] paresiere, con la mayor brevedad que sea posible. Mando se le dé a Agustina Alfonsa, mi ahijada, mujer de Juan Gutiérres, seis pesos escudos de plata, por el mucho amor que la tengo y porque me encomiende a Dios. Mando se le dé a Juan Lorenço, mi aprendis, que tengo en mi casa ha[ce] tres años enseñándole mi oficio de escultor, todas las herramientas y bancos que pertenesen al dicho oficio de escultor que yo tengo, por el mucho amor que le tengo y porque me encomiende a Dios. Las cuales no se le entregarán hasta que sea oficial, porque no las desperdicie y eche por ahí. Las cuales se recogerán por mis albaseas y tendrán en su poder hasta que tenga edad sufisiente para podérselas entregar y sea oficial. Y no se le entregarán a su padre ni a otra persona alguna. Declaro estoy casado, según orden de nuestra santa madre Iglesia, con Beatriz de los Ángeles, que hoy vive en el reino de Portugal, en la villa de Campo Maior, con quien no tengo hecho vida maridable ha[ce] treinta años. Y de dicho matrimonio no tenemos hijos algunos. Y así lo declaro para que en todo tiempo conste. No me acuerdo deber cosa alguna. Y a mí me deben algunas personas alguna[s] cortas cantidades que saben mis albaseas; mando se cobren. Y si con verda[d] paresiere el que yo deba algo, se pague. Y para cumplir y pagar este mi testamento, y lo en él contenido, dexo y nombro por mis albaseas y testamentarios a Franco Santiago y a María Domínguez, mi comadre, viuda, vecinos de esta ciudad, a cada uno de por sí, in solidum, a los cuales doy poder cumplido para que luego que yo fallesca entren en mis bienes y de ellos tomen los que baste y los vendaen almoneda [=subasta] que fuera de ella. Y cumplan y paguen este mis testamento y lo en él contenido. Y cumplido y pagado, del remanente y que quedare de todos mis bienes, derechos y acciones que me toquen y pertenescan en cualquiera manera, dexo y nombro por mi universal heredera a la dicha María Domínguez, mi comadre, para que todos ellos los haya y herede con las bendiciones de Dios y la mía, atento no tengo heredero forsoso. Y por este mi testamento, que ahora hago y otorgo, revoco y anulo y doy por ninguno y de ningún valor ni efecto otro cualquiera testamento, mandas o codicilios que antes de este haya fecho, por escripto y de palabra, que ninguno quiero que valga, salvo este que al presente hago y otorgo, que solo quiero que valga por mi testamento y última voluntad, en aquella vía y forma que mexor por derecho, lugar haya en testimonio de lo cual, así lo otorgué y firmé ante el presente escribano público y testigos que de mi conocimiento da fee. Y estando en las casas de mi morada, en la ciudad de Badajoz, a nueve días del mes de março de mill setecientos y catorze años, siendo testigos Franco Xavier de Morales Morgado, Joseph Rafael y Franco Ribero, vecinos de esta ciudad.
Notas: 
(1) VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel. Retablística Alto-Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII. Universidad Nacional de Educación a Distancia, Mérida. 1996. Páginas 151 y 152. 
(2) https://fragmentosdebadajoz.blogspot.com/2018_06_01_archive.html

Bibliografía:
VALLECILLO TEODORO, Miguel Ángel. Retablística Alto-Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII. Universidad Nacional de Educación a Distancia, Mérida (Badajoz). 1996.
MANGUCCI, Celso. Francisco Machado e a oficina de retábulos do Arcebispo de Évora. Cenáculo. Boletín online del Museo de Évora (Portugal). Diciembre de 2007.
LAMEIRA, Francisco. Profesor y doctor de la Universidad de Algarve (Portugal). Actas del ciclo de conferencias Convento de Nossa Senhora dos Remédios e a Ordem do Carmo em Portugal e no Brasil. Asociado a la exposición Convento de Nossa Senhora dos Remédios. Évora, 22-24 de mayo de 2013.

viernes, 12 de octubre de 2018

24. El desconocido Cristo de las Aguas del convento de la Trinidad.

24.

El desconocido Cristo de las Aguas del convento de la Trinidad.

© Pedro Castellanos
12 de octubre de 2018


Santísimo Cristo de las Aguas, siglo XVI.
Es una imagen de autor anónimo, que podemos datar en la primara mitad del siglo XVI y de escuela castellana. Por su ancha corona de espinas, labrada en la propia cabeza, recuerda a los modelos del escultor francés afincada en España Juan de Juni (Joigny, Francia, 1506–Valladolid, 10 de abril de 1577). Tenía su propia capilla en el convento más antiguo de la ciudad, el de frailes de la Santísima Trinidad, llamada del Cristo de las Aguas. Así se le llamaba al menos desde finales del siglo XVIII. El nombre parece ser que se le puso porque salía en procesión para pedir la lluvia, como se hacía con la Virgen de Bótoa. En un primer momento, el Cristo estaría en el de la Santísima Trinidad. Tras arruinarse en el sitio de 1811 por los franceses, fue trasladada al desaparecido convento de monjas jerónimas de San Onofre, que dio nombre a la calle Menacho, que estaba un poco más adelante del convento de las Descalzas. A pesar de los disturbios que veremos ahora, pasó al convento de los Remedios de la calle Mesones, hoy San Pedro de Alcántara, frente al callejón de Manuel Cancho, que era de monjas trinitarias. Nunca volvería al de San Onofre. Debido al estado de ruina del convento de los Remedios, de mediados del siglo XVII, el obispo les concedió la ermita de la Paz, que formaba parte del hospital de San Andrés, luego llamado de la Concepción. Allí estuvieron hasta su traslado a Valladolid, donde hoy permanecen. El Crucificado se encuentra en la sencilla capilla que allí tienen y necesita una restauración, pues se encuentra afectado por la carcoma. Junto a una bella Inmaculada que se encuentra en la parroquia de San Andrés, son hasta el momento, las dos únicas imágenes que han llegado hasta nuestros días del convento de los trinitarios, fundado en siglo XIII.
El convento de la Trinidad según Pier Maria Baldi, siglo XVII.
El Cristo se traslada en 1811 al convento de monjas de San Onofre. En 1812 se traslada por la fuerza al de los Remedios de forma violenta, con la oposición de las monjas jerónimas.
Las monjas del convento de San Onofre dirigen una carta al capitán general de Badajoz el 19 de noviembre de 1812, que dice lo siguiente: «Que a evitar todo insulto o desacato que pudiese acontecer en los templos de esta plaza, cuando ejecutaron los franceses entrada a la fuerza de las armas en el año próximo pasado, acordó con las exponentes, el prelado o regente del convento de Trinitarios calzados de esta misma ciudad la traslación de la imagen del Santísimo Cristo de las Aguas de su iglesia a la iglesia de San Onofre, con el justo objeto de facilitar a los fieles lugar en que poder tributarle el debido culto y en donde debería subsistir, ínterin [=entretanto] que el superior o prelado de su orden no determinase otra cosa. Así ha permanecido en estos términos, colocada la sagrada imagen por espacio de dos años en su altar, adornando a expensas de las mismas religiosas y sin obstáculo alguno. Hasta que en el día de ayer, mañana, al tiempo de concluir el sacrificio de la misa se arrojaron de pronto dos hombres con su escalera de mano y otros pertrechos al altar referido. Y sin guardar respeto ni decoro alguno a aquel lugar sagrado, con ímpetu, arrancaron el Crucifijo, llevándoselo furtivamente, no haciéndose caso de las súplicas y clamores de las mismas religiosas, que desde el coro se les hacía para que lo dejasen en su trono; antes sí atropellando por entre las mujeres que había en la iglesia. Con notable escándalo de ellas lo efectuaron con más precipitación. Habiendo después averiguado que este atropellamiento ha sido dispuesto por fray Juan Rastrollo, del convento de San Agustín, llevándose dicha efigie al convento que era de religiosas Trinitarias, en donde no existe de su comunidad más que de una monja con una mujer seglar. Y en su iglesia cuasi ningún culto, por estar todo su edificio arruinado e incapaz de vivir en él poca ni mucha parte de las religiosas que tenía antes de ser destruido. Y no siendo justo que este individuo del convento de San Agustín se entrometa en cosa que no le pertenece y evitar para lo sucesivo unos hechos de esta naturaleza. Por tanto, suplicamos se digne tener a bien amparar esta nuestra solicitud dirigida a que la expresada efigie del Santísimo Cristo de las Aguas sea restituida a su propio altar señalado en nuestra misma iglesia, por cuanto el expresado fray Juan Rastrollo, puesto que nos consta que él mismo se estuvo a la parte de afuera de la iglesia en acción de proteger el atentado de aquellos dos hombres, siendo uno de ellos primo hermano suyo, llamado Juan Melgarez. Pues de no corregirlo en estos términos, quedando impune de este exceso, unos y otros serán capaces de cometer otros mayores cada y cuando que se les ofrezca, siendo constante de que estos, ni la monja de aquel arruinado convento, ningún derecho tiene a esta referida imagen y menos para rasgar ni destronar las cortinas de seda y demás adorno que tenía en su altar, adornado a nuestras expensas. Gracia que esperamos dé la recta justificación».
Figura una nota marginal del 20 de noviembre de 1812. José Carvajal Gordillo citaba que tenía conocimiento del despojo violento e impropio de la imagen del Cristo de las Aguas «es bien público, también lo es que corresponde al ilustrísimo señor arzobispo, obispo de esta diócesis, que actualmente se halla en esta ciudad y según noticias positivas concedió permiso a una religiosa del convento de los Remedios para recoger las efigies del arruinado [convento] de religiosos de la Santísima Trinidad que se hallaban extraviadas y sin culto público».
Detalle del Santísimo Cristo de las Aguas.
Otro documento fechado el 25 de noviembre de 1812 cita que el traslado del Cristo fue por orden de sor Nicolasa, monja trinitaria del convento de los Remedios «a cuya comunidad había concedido permiso su señoría para que recogiesen los efectos, efigies y pertenecientes al convento de trinitarios calzados de esta ciudad, con inteligencia y a instancia de fray Antonio, religioso e individuo del mismo convento, encargado en la administración de sus rentas y que no hubo escándalo ni alboroto alguno». Se haría comparecer a sor Nicolasa para que explicase los motivos que tuvo para sacar el Cristo de las Aguas. Más tarde las monjas citaban que «el origen de estos disturbios son el haber privado justamente en la elección de voto y voz a doña Isabel Gómez, presidenta entonces, puesta por el intruso vicario apostólico de los franceses. Por esta razón, aunque con bastante repugnancia, fue necesario (por no haber otra con antigüedad para serlo) hacer a doña Patricia Suárez, una de las consiliarias. Esta fue, señor, la que causó a vuestra señoría el disgusto. Y a nosotras el consabido bochorno en el indebido recurso hecho al general marqués del Palacio, cuando con orden de vuestra señoría se trasladó el Santísimo Cristo de las Aguas de esta nuestra iglesia al de los Remedios. Esta misma, con aquella otra, juzgó (no sin graves fundamentos) son las que formándose partido habrán informado (…) sin temor de Dios, como se deja ver por su resultado, siendo este injuriar (con una falsa calumnia). Indirectamente, la respetable persona y sagrado carácter del señor provisor, la sana fe con que hemos procedido a la venta de una casa muy antigua y vieja, calle del Granado [hoy Meléndez Valdés], y la inocente y desinteresada conducta de nuestro mayordomo don Tomás Crespo y nuestro maestro de alarife Pedro Carrasco, de lo cual (si necesario fuere), prestaremos el testimonio y juramentos necesarios todas aquellas que por la misericordia del Señor nos vemos ahora libres de la envidia, el odio, rencor y venganza, con otras pasiones que llegando a poseer el corazón de las criaturas las hacen olvidar de su Dios, a quien todas debemos amor y temor de su misma alma y salvación eterna. Para esta venta, señor ilustrísimo, precedieron el unánime consentimiento de la comunidad, la tasación hecha por el mismo maestro del convento, con la cual se conformó la parte interesada que la compró cuando pudo muy bien no conformarse la debida licencia del señor provisor, con cuya aprobación y autoridad otorgamos la correspondiente escritura, que firmamos la priora, vicaria y consiliarias, como es de uso y costumbre. Recibimos el dinero que pusimos en el arca del convento para el justo e indispensable uso que se ha hecho y hace de él en la composición de la torre, reedificación de no pequeña parte del convento y urgencias nuestras comunes [y] necesidades, siendo esto así como realmente lo es. Se ignora del todo según ley y el parecer de quien sabe muy bien lo que es derecho, cual sea la enormísima lesión que a vuestra señoría siniestramente faltando en todo a la verdad han escrito, que hayóse en la venta de dicha casa». El documento lo firma la priora del convento de San Onofre, Teresa Badajoz, el 14 de septiembre de 1813. Lamentablemente, el Cristo de las Aguas ha permanecido en Badajoz hasta la marcha de las monjas trinitarias a Valladolid en abril de 2001.


Distintos lugares donde estuvo el Cristo de las Aguas. (1) En rojo el convento de la Santísima Trinidad, su sede primitiva. (2) En verde el desaparecido convento de San Onofre. (3) Después estuvo en el desaparecido convento de Ntra. Sra. de los Remedios (azul). (4) En amarillo la última sede que tuvieron las monjas de los Remedios o Trinitarias, hoy abandonado hasta su traslado a Valladolid, junto con la imagen del Cristo que conservan en su capilla actual. El plano es algo posterior a la fecha del documento, sobre 1871.
Inmaculada procedente del convento de los Trinitarios de la iglesia de San Andrés. Siglo XVII (?).
Fuente: Archivos Eclesiásticos de Mérida-Badajoz.